ISTSat-1 e a Nanosatrónica
No dia 9 de setembro o ISTSat-1 fez dois meses de vida em órbita baixa sobre a Terra, em funcionamento contínuo 24 horas por dia. Completou 885 voltas à Terra e já carregou / descarregou a bateria que armazena a energia, proveniente do Sol, cerca de 885 vezes.
Os dados que nos chegam indicam que o ISTSat-1 está a transmitir sinais de rádio com uma potência cerca de 10 vezes menor do que a prevista, o que nalgumas situações dificulta a sua receção, dado o elevado nível de ruido eletromagnético que existe na região do IST Tagus e que introduz erros na receção da comunicação digital. O satélite responde aos comandos de Terra, mas a comunicação bidirecional comando / resposta, que alguns comandos exigem, pode não ser segura pelo que a equipa está a trabalhar em três direções: 1-caraterizar o ruído eletromagnético existente no IST Tagus; 2- melhorar o sistema de antenas da estação CS5CEP e 3- desenvolver algoritmos de correção dos erros nas tramas digitais recebidas.
O satélite tem sido recebido por vários radioamadores entusiastas (e.g. Paulo Delgado, CT2GUR) que têm feito um trabalho notável e que tem complementado o trabalho realizado na estação CS5CEP enviando as tramas digitais recebidas para a equipa do ISTSat-1 processar e recolher a informação.
Os dados recebidos indicam que o satélite está operacional, está numa posição relativa à Terra bastante estável, com uma pequena rotação de cerca de 0,5 grau/segundo, o que está dentro do erro que os algoritmos usados para o controlo de atitude permitem.
Recentemente, a equipa recebeu a informação de que o ISTSat-1 já passou, por duas vezes, a menos de 500 m de satélites da constelação Starlink. Sim, pode haver colisões no Espaço onde já há milhares de objetos, só a Starlink terá milhares de satélites e dentro de alguns anos haverá milhões de satélites e de resíduos de satélites. Apesar das preocupações que existem e que resultam deste intenso tráfego espacial, as colisões podem ser inevitáveis e já aconteceram[1]. Tanto o ISTSat-1 como os satélites da constelação Starlink têm velocidades próximas de 7300 m/s, cerca de 7 a 10 vezes mais rápido do que uma bala na atmosfera e, estando em órbitas diferentes, podem colidir, mas a probabilidade é muito baixa[2], bastante menor do que a probabilidade de duas balas independentes chocarem na atmosfera terrestre. Apesar de cada satélite da Starlink pesar cerca de 250 kg e o ISTSat-1 apenas pesar cerca de 1,3 kg, os estragos seriam catastróficos para ambos os satélites.
[1] O satélite militar russo Kosmos 2251 e o satélite EUA Iridium 33 colidiram em 2009.
[2] Não há hipótese de estabelecer regras de prioridade nem de se aplicarem as normas para evitar abalroamentos no mar – quem tem propulsão que se desvie, neste caso os satélites Starlink, mas neles não existe força propulsora suficiente para provocar um desvio significativo.
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