ISTSat-1 “A despedida”

No dia 25 de março, de manhã, uma equipa do IST constituída pelos alunos de PhD João Paulo Monteiro e Manuel Santos e o aluno de MsC Pedro Amado prepararam o ISTSat-1, no Nanosatlab do IST, para uma viagem que transportaria o ISTSat-1, numa mala especial, até Berlim.

ISTSat-1, no Nanosatlab do IST, preparado para ser embalado.

O ISTSat-1 foi protegido por uma estrutura especificamente projetada para o efeito e, na sala limpa do IST Nanosatlab, foi acondicionado na mala especial de transporte. A mala foi transportada por uma equipa do ISTSat-1, para Berlim, onde foi aberta na sala limpa da empresa contratada pela ESA.

A mala de transporte e estrutura de proteção do satélite.
Equipa do IST: Manuel, Pedro e João, a caminho de Berlim.

Nos dias 26 e 27 de março de 2024, a equipa do IST, esteve em Berlim, na empresa alemã Exolaunch, contratada pela ESA,  a preparar os trabalhos de acondicionamento do ISTSat-1 no contentor de transporte (deployer), que o levará para a Guiana Francesa onde será posto em órbita pelo foguetão Ariane 6.

No dia 26 de março a equipa fez alguns ensaios de funcionalidade dos diferentes módulos do ISTSat-1, incluindo a verificação das versões de software carregado nos módulos e a verificação da normalidade dos consumos de corrente dos módulos na situação de operação correta. Fez-se também a verificação de que os painéis solares estavam a adquirir energia elétrica a partir de uma fonte luminosa.

Sistemas do ISTSat-1 foram verificados com sucesso.

A equipa do IST esteve presente ao mesmo tempo que a equipa da Catalunha que preparava o 3Cat-4, um nano-satélite desenvolvido na Universidade Politécnica da Catalunha e que  também foi apoiado pela ESA.

A equipa espanhola do 3Cat-4

Os dois nano satélites ISTSat-1 e o 3Cat-4 foram dois dos selecionados pela ESA no FYS de 2017.

O ISTSat-1 e o 3Cat-4 a postos para o embarque.

O contentor (deployer) da Exolaunch dispõe de quatro compartimentos, gavetas, em que cada uma pode acomodar nano satélites com a altura máxima de 4 unidades (4 U; 1U=10 cm). O contentor estava configurado para ter 3 gavetas 1, 2 e 3, sendo a gaveta 3 configurada para um satélite especial da NASA que ocupava 4 U de altura e 2 U de largura.

Contentor da Exolaunch, configurado para 3 gavetas e que será transportado pelo Ariane 6.

No fim do dia 26 a equipa, apoiada por técnicos da Exolaunch, fez ensaios preparatórios para o dia 27, de verificação dimensional do ISTSat-1 (fit test) e sua adequação às dimensões do contentor, bem como o teste de deslizamento (slide test) fácil nos carris do contentor.

ISTSat-1 na gaveta 1 do contentor (deployer) da Exolaunch.

O teste de deslizamento é feito soltando a mola pré comprimida que fica na base do contentor (à esquerda da figura) e a sua libertação deve empurrar o ISTSat-1 pelos carris, que no laboratório da Exolaunch estão na posição horizontal. A força desta mola é muito fraca pois, em órbita, os satélites incluídos no contentor têm um peso praticamente nulo, mas no laboratório os ensaios de deslizamento têm de ser ajudados manualmente.

Na parte de cima e à esquerda da imagem, além do ISTSat-1 vão ser inseridos mais dois satélites, o satélite 1 U designado por 3Cat-4 da Universidade Politécnica da Catalunha e um satélite 2 U da empresa Spacemanic da República Checa e também da República da Eslováquia,  cuja missão é estudar efeitos de radiação cósmica em sistemas eletrónicos complexos.

Satélites: Spacemanic, ISTSat-1 e 3-Ca4 preparados para serem fechados.

A Spacemanic é uma empresa nova que resultou do lançamento do primeiro nano-satélite eslovaco skCUBE, em 23 de junho de 2017, que se manteve ativo 569 dias mas, hoje em dia,  ainda está em órbita.

Satélites Spacemanic, ISTSat-1 e 3Cat-4, a serem fechados.

No dia 27 de março, de manhã, os ensaios continuaram agora com os três nano-satélites acima referidos, em ensaios de deslizamento e de verificação dimensional. Cada um dos satélites foi pesado, informação que é necessária para a empresa Ariane, foi inserido no contentor e a gaveta do contentor foi fechada e selada.

Foram ativados os mecanismos de retenção da mola do contentor, ativados os mecanismos de RBF (Remove Before Flight) de cada satélite e ativado o mecanismo de fecho da porta da gaveta.

Estes três satélites estão prontos para o lançamento através do Ariane 6. As outras gavetas do deployer ainda vão ser preenchidas com um satélite da NASA (ocupando as duas gavetas de baixo dimensão 2U x 1U) e a outra gaveta com dimensão 1 U de secção, com outros nano-satélites.

Os alunos do IST despediram-se, assim, do ISTSat-1 e só voltarão a ter contacto com ele através de comunicações vias rádio em julho, se tudo correr bem com o Ariane 6 e o ISTSat-1 estiver em órbita.

Os alunos do IST regressaram às instalações do ISTTagus para trabalharem no NanosatLab em novos sistemas espaciais que já estão em desenvolvimento.

Agora a equipa está, também, a construir réplicas do ISTSat-1 para oferecer às organizações que impulsionaram esta fantástica aventura, que teve origem num financiamento inicial do DEEC do IST, dirigido então, em 2004, pelo Prof. Afonso Barbosa.

Publicado em AMRAD