Radioamadorismo de Vanguarda, um colóquio em Almeirim

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Um colóquio que não ocorreu nem em Lisboa, nem em nenhum outro grande centro urbano repleto de massas humanas e muitas elites, nem tão pouco decorreu na capital escalabitana (Santarém) mas aconteceu numa cidade do interior, no lindo e esplendoroso Ribatejo, com o reiterado apoio da sua autarquia, que na cidade de Almeirim lugar que pela quarta vez consecutiva, se vem revelando (contra tempestades e furacões) a excelência do Radioamadorismo português.

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A excelência de um radioamadorismo ulteriormente reivindicado no primeiro colóquio em 2004, a partir do desafio estruturante que se sabia ser (infelizmente para todos …) uma linda, mas uma agonizante utopia, quando se reivindica e visa a criação de um organismo federativo, em alternativa ao que se revela ausente, a todos os títulos alheio da cultura e dos desígnios nacionais, ou seja, ao invés de uma associação única, criar uma federação nacional ou quem sabe se Ibérica ou mesmo da União Europeia, certamente a mais eficaz, legitima e sustentável solução confederativa (quando há muito findou o partido único…).

Dar lugar a um organismo confederativo, representante nacional ou mesmo Ibérico do federalismo europeu e internacional, e que é, nos estados de direito e nas Nações civilizadas, a base da representatividade de todos, do pluralismo e da diversidade de cada povo e nação livre.
Estar contra uma figura única imposta, infligida desde os tempos do triste fascismo salazarista, mediante medidas e estatutos de contenção que se arrastaram interminavelmente desde 1926 e que, quer na legalidade, quer na constitucionalidade portuguesa, nunca se souberam e quiseram ajustar ao novo Estado, aquele que legitimamente emerge do pós 25 de Abril de 1974, do Estado do Direito e da Constituição da República, que o próprio estatuto da já tenebrosa e tentacular IARU, nos quer impor, por erodir a razão e corroer o sentido nacional da diversidade cultural de cada organismo, dentro das nações e estados soberanos da própria União Europeia, todos eles portadores de uma constituição nacional e leis contra o monopólio. Uma IARU em rota de colisão contra a diversidade, uma variável essencial ao desenvolvimento universal do Radioamadorismo e que nos tem sido liminarmente negada, com fundamento num negócio paralelo e lucrativo de troféus e postais, que em nada representa da multidisciplinaridade cultural e científica da excelência do Radioamadorismo universal, que se eleva cada vez mais e se reafirma convicto e fiel a si mesmo desde há mais de um século.

Isso ficou provado ao longo destes 4 anos, quando tanto e tudo se modificou no campo da ciência e da tecnologia, que todos absorvemos, como linhas de conhecimento, natural e legitimamente susceptíveis de nos conduzirem a mais saber e mais competências técnicas e cívicas, possíveis de proporcionarem bem-estar e desenvolvimento, ao invés de cristalização.

A nota, a mensagem difundida na cerimónia de abertura pelos dirigentes da ARR (Associação de Radioamadores do Ribatejo) naturalmente subscrita pelos representantes locais da soberania nacional, quer do Governo Civil de Santarém, quer da Câmara Municipal de Almeirim, incluindo da Autoridade Nacional de Protecção Civil e da Autoridade Nacional de Comunicações, que uma vez mais apoiaram esta iniciativa, acicataram os demais dirigentes associativos nacionais ali presentes, e formalmente representados, com a natural e triste ausência, de quem deveria encorajar e promover as tais medidas estatutárias e legais de mudança e abertura à diversidade e ao pluralismo do radioamadorismo, pelo respeito e direito à diferença.

Reajustados, reencontrados e migrados os comunicativos ou comunicadores, para outras tecnologias da comunicação, o Radioamadorismo tem diminuído de utilizadores e até de consumidores, mas reencontra-se consigo mesmo, na sua maior excelência e diversidade tecnológica, pois é da Rádio e das Radiocomunicações que falamos.

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A AMRAD quis emprestar, modestamente, timidamente, tal qual outros o fizeram, um contributo educativo, através de um trabalho de investigação, dirigido pelo Prof. Dr. Moisés Piedade, que quando jovem estudante de engenharia, se inicia amador de rádio com o indicativo de CT1ZO, um trabalho em que colaboraram dois estudantes de mestrado, Luís Rosado e Luís Mendes ambos do Instituto Superior Técnico – TAGUS, sedeado no concelho de Oeiras.
O tema em apreço foi a introdução de uma tecnologia revolucionária para as radiocomunicações, mas que afinal de contas, vem reaproveitar as velhas e seculares aplicações e conceitos, outrora abandonados pela ciência, por falta de meios técnicos, capazes de os controlar e tornar eficazes, numa eficácia que afinal a actual capacidade da computação e do processamento digital de sinais, nos permite empregar e reaproveitar, através dos novos sistemas e de novos softwares. CT1ZO revelou numa excelente apresentação, técnica e científica, criteriosamente dirigida a todas as sensibilidades e competências, mostrando diversos exemplos e ainda um resumo histórico disso mesmo.

Radioamadorismo de Vanguarda:

Foi um desafio descarado, foi e continuará a ser um apelo, visivelmente subscrito por todos aqueles que naquela jornada, na cidade de Almeirim, quiseram fazer parte e assumir, ocorrendo de todas as partes do país, do continente e das ilhas, do norte, do centro e do sul e até da nossa irmã e vizinha Espanha.

Estiveram disciplinarmente representados um pouco de todos os aspectos recreativos, desportivos e competitivos, ocupacionais e culturais, tecnológicos e científicos da essência do Amador da Rádio e da excelência do Radioamadorismo português.

Uma excelência centrada em aspectos focados nas competências técnicas e funcionais dos seus executores, os amadores da rádio, em que os rádios do amador, se mostravam e exibiam, marcando diferenças pelas técnicas de construção, integração e funcionamento.

Uma excelente e oportuna ligação, entre o passado, presente e futuro da rádio e do amador.

Uma mostra, naturalmente exibida com um vasto acervo de equipamentos antigos, mas também de modernas construções (feitas hoje pelos putos de antigamente) feitas por outro decano dos amadores da Rádio, CT1QP, um distinto membro do grupo de estudantes de Lisboa, que nos anos de 1960 constituíam um auto denominado «novice gang VHF of Lisbon», numa época em que não trabalhavam nos 144 MHz mais do que apenas cerca de 35 estações em todo o país e ilhas, e do qual fizeram parte quer CT1ZO, quer CT1WO.

Uma presença e uma constante de velhos amigos vindos da vizinha Espanha de EA1, EA4 e EA7, a reafirmação da nossa Ibéria. Onde os colegas de Espanha reafirmam do interesse comum e mútuo de uma maior e crescente partilha entre portugueses e espanhóis.

Estiveram presentes jovens alunos da Universidade de Aveiro, interessados nos temas e na ciência. A própria AMRAD foi fundada pela ARIST – Associação de Radioamadores do IST em Lisboa, e por antigos alunos da universidade de Aveiro, antigos directores da extinta ARUA – Associação de Radioamadores da Universidade de Aveiro.

Também não faltaram as competições, a entrega de diplomas de participação e troféus aos ganhadores, reveladores aliás do empenho que muitos colocaram no concurso das experiências técnicas, que lhes permitiram competir e ganhar.
Até foram laureados, para espanto e surpresa de todos, incluindo do próprio, aqueles que dizem «desta água não beberei» ou que «em concursos nunca participo» quando sem querer são por isso reconhecidos, nem que seja pela tímida participação, cujo objectivo foi o de participar, atribuindo pontos, ao invés de os merecer e conquistar.

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De relevante e complementar às novas tecnologias do rádio controlado e definido por software o SDR (software defined radio), que deixou entusiasmados os aficionados da informática e das radiocomunicações em todos os espectros, do MF ao HF e do VHF ao SHF, com exemplos e sistemas modulares de SDR apresentados quer por CT1WO, quer por CT1BPT, a par das novas bandas de 70 MHz apresentadas por CT1FFU, dos diplomas e das competições baseadas nas comunicações digitais apresentadas por CT3EE, surgem os desafios da Natureza, em que a Radioastronomia nos suscitou pela paixão do desconhecido, pelo apelo do natural, com uma brilhante apresentação por um outro decano do radioamadorismo português CT1TE.

Temas não nos faltam, motivações também não, empenho e diversidade todos demonstraram, pelo que teremos de concluir que, a excelência do Radioamadorismo está longe de se extinguir, quando só agora é um jovem com pouco mais de 100 anos, e tem um longo caminho a percorrer de auto aprendizagem e prestação cívica e cultural.

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Foi hora de recordar e homenagear a memória e a obra de Carlos Mar Bettencourt Faria, CT1UX, ex. CR6CH, fundador do Observatório Astronómico da Mulemba em Angola, barbaramente assassinado, depois da independência desse país africano. Para todos nós, em particular aqueles que tiveram ocasião de trabalhar e privar com Bettencourt Faria em Angola, esta é, uma justa e singela homenagem, à qual a AMRAD se associa, e justamente eleva, lamentando veementemente da recusa recente, que alguns amadores menos conhecedores, quer do seu trabalho científico, quer de amador da Rádio, colocaram na recusa em o reconhecer e elevar a um dos patronos do Radioamadorismo português. Quando os irmãos Bettencourt Faria, CR6CH e CT1DT, estiveram e estão, natural e legitimamente, entre os exemplos culturais do verdadeiro radioamadorismo, cuja orientação científica a AMRAD defende e promove.

Uma nota de reconhecimento, para a excelente equipa de dirigentes e membros da ARR, pelo excelente trabalho, empenhado e a todos os títulos competente, realizado voluntariamente em proveito de valores e desígnios nacionais, que lamentavelmente, deveriam ser seguidos e reproduzidos por organismos auto-denominados de uma representatividade e de uma legitimidade que não possuem, nem são competentes, nem capazes de assumir, fazer e manter, nem no quadro da IARU, tristemente.

O Radioamadorismo em Portugal está vivo e recomendasse.
O pluralismo e a diversidade cultural dos portugueses decididamente que ficou mais rica e representada. O Radioamadorismo é decididamente de Vanguarda.

Publicado em AMRAD