Radioamadores perdem competências e interdisciplinaridade

04-09-2010 21:03 Radioamadores perdem competências e interdisciplinaridade

Reportagem em inglês produzida pela BBC.

O radioamadorismo enquanto cultura científica potenciou o estudo e desenvolvimento da radioelectricidade, tornando-se um espaço multifacetado, que comporta hoje um vastíssimo conjunto de áreas temáticas, que vão do lazer à ocupação de tempos livres e ao desporto, da competição ao estudo e à educação científica, do voluntariado à exploração e comunicação de utilidade pública.

Nas origens das comunicações à distância esteve a telegrafia por código de Morse, que se desenvolveu com as ligações por T.P.F. (telefonia por fios) e depois pela T.S.F. (telefonia sem fios) ou a rádio dos tempos modernos. Foi a partir de então que os amadores de rádio se iniciaram na promoção e desenvolvimento daquilo que é hoje, em parte, o radioamadorismo contemporâneo.

Depois dos anos de 1980 a comercialização e abertura dos mercados internacionais, trouxeram centenas de milhares de novos operadores amadores, que por falta de motivação e habilitação, muitos recusaram liminarmente a aprendizagem prática da radiotelegrafia e técnicas de exploração, tornando-se em meros radiotelefonistas, simples comunicativos, arrepiando e excluindo das suas práticas de potenciais operadores de rádio, o mais eficaz e penetrante modo de radiocomunicação até hoje criado.

A telegrafia foi legalmente extinta em 2009 como grau de qualificação dos operadores amadores de rádio, mas a verdade é que ela está viva em todo o mundo e recomenda-se, sendo mantida e desenvolvida pelos mesmos amadores de rádio, que estiveram na origem do seu desenvolvimento e que hoje a preservam enquanto património das telecomunicações e da humanidade.

Aos novos operadores, por opção, poderá restar a radiotelefonia e as ligações digitais automáticas.

Contudo a radiotelegrafia está salva e garantida pelos veteranos e por todos os jovens que insistem na preservação desse legado e que assim se qualificam como operadores radiotelegrafistas.
O radioamadorismo perde no seu conjunto competências e ganha diferenciação entre os meros comunicativos e os multidisciplinares
rádio-operadores, aqueles que afinal são capazes de suportar radiocomunicações extremas, divididas entre a fonia e telegrafia complementadas por serviços digitais, nalguns casos mais rápidos, mas decisivamente menos robustos e sustentáveis.

Não existe, ainda, alternativa tecnológica à simplicidade e capacidade de penetração da radiotelegrafia, enquanto serviço ou modo de transmissão criado em 1838 por Samuel Morse.

Publicado em História da Rádio