O Código de Morse é a excelência das Radiocomunicações

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É triste o laxismo e a repulsa com que o assunto da telegrafia pelo Código de Morse tem sido tratado e desvalorizada (por quem não sabe, nem se quer dedicar a estudar e praticar) contudo é importante referir que o Morse é, ainda hoje, o meio de comunicação mais eficaz de todos, e foi aquele que ao longo de mais de 173 anos, maior números de vidas e serviços prestou à humanidade (por ser simples é eficaz, quer por rádio, quer por fios).

A telegrafia por Morse, em virtude de ser mais lenta (50 a 150 caracteres por minuto) comparativamente com outros sistemas actuais de transmissão digital (e que são muito pouco imunes ao ruído das ligações), mesmo assim, o Morse é muito mais rápido que o envio de um SMS por telefone celular.

A verdade é que o Morse tem sido retirado das radiocomunicações civis e militares, não se sabendo ainda, que consequências daqui poderão advir no futuro, perante uma eventual calamidade. De referir que todos os modernos sistemas de transmissão digital (voz, imagem, texto) são sistemas integrados interdependentes, mais susceptíveis de colapso e congestionamento, porque sem redes e ligações integradas (rádio, fibra óptica, linha telefónica ou coaxial) sem servidores e sistemas de computação, não há comunicações.

Para todos os efeitos o Morse é um património da humanidade.
Em boa verdade, são os amadores da Rádio os radiotelegrafistas que cada vez mais, elevam este modo de transmissão, e que o mantém mais vivo do que nunca.

O Morse está bem.

Numa recente reportagem da televisão inglesa BBC esse facto veio de novo a lume.

Em Portugal por motivos desconhecidos, o ICP da antiga DSR dos CTT, fez passar centenas de radioamadores, atribuindo qualificação telegráfica, sem que alguma vez tivessem prestado provas e possuíssem de facto essa qualificação e competência.

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Na verdade muitos dos novos titulares do radioamadorismo contemporâneo, aqueles que se candidatam a ser operador amador de radiocomunicações, logo em seguida, reivindicam junto das autoridades nacionais, a titularidade das classes mais altas, com o acesso a todas as faixas de frequência, a todos os modos de transmissão, às máximas potências permitidas, sem que, e para tanto, queiram estudar e praticar, de molde a possuírem qualificação técnica ou funcional adequada e necessária às radiocomunicações.

Sendo hoje discutível a telegrafia, como factor de qualificação, a verdade é que a telegrafia confere atributos ao operador de radiocomunicações, disciplina de rede, que outros modos de transmissão, não possuem. Infelizmente a telegrafia tornou-se uma das disciplinas que muitos novos candidatos e operadores amadores, não se querem submeter a exame, não a querem aprender e praticar. Como também muitos outros operadores amadores de radiocomunicações, não querem aprender nada sobre as temáticas da técnica e exploração radioeléctrica. Alegam que nem uma nem a outra, são necessárias para comunicar. A questão é que aqui não nos cingimos às comunicações, tratamos e tão simplesmente de Radiocomunicações e exploração do domínio Radioeléctrico, com tudo o que ele comporta de humano e tecnológico.

Incorremos assim no risco do radioamadorismo deixar de comportar uma vertente educativa e de treino para as radiocomunicações, enquanto cultura tecnológica e científica, para se vir a tornar em mais um recorrente espaço de consumos, descartável, transformado numa vulgar via de comunicação apenas, em manifesto concurso com os meios comerciais disponíveis, como os telefones celulares e a Internet.

A excelência do radioamadorismo nem sequer é desportiva, é interdisciplinar, mas contempla duas vertentes essenciais;

1) a técnica e as ciências radioeléctricas,

2) a exploração das radiocomunicações,

Ambas as valências são determinantes, um amador da Rádio terá no mínimo de possuir e aprofundar uma delas, ou mesmo ambas. Estas são as qualificações os requisitos essenciais, aqueles que foram atribuídos pela UIT ao Serviço de Amador e Amador de Satélite, e que nos dão acesso ao mundo real das Radiocomunicações, através do estudo e investigação, da auto aprendizagem e dos elevados graus de treino e qualificação, que daqui advém, necessários à promoção da cultura e do serviço voluntário de interesse público. A escolha é livre e pessoal. Afinal não é nada daquilo a que alguns (nem todos) dos novos titulares (utilizadores) desejam obter do Radioamadorismo, porque afinal de contas não querem aprender, remetem-se para o papel de meros utilizadores e consumidores de um novo produto.

Publicado em Radioamadorismo