Rastreio de satélites a partir do Taguspark
No Diário de Notícias de 22 de Março de 2008
FILOMENA NAVES22 Março 2008 — 00:00
Foram dois anos de trabalho de desenvolvimento e montagem de equipamentos e de testes, mas a estação de rastreio de satélites que professores e estudantes do Instituto Superior Técnico (IST) criaram no pólo daquele instituto no Taguspark , em Oeiras, está pronta, e a funcionar. Capta os sinais de satélites de comunicações nas bandas dos radioamadores e servirá sobretudo como ferramenta pedagógica, para os alunos do IST, mas também como ponto de partida para voos mais altos, como disse ao DN o professor e investigador do IST, Moisés Piedade, um dos impulsionadores do projecto.
A estação, a CS5CEP, será uma das que em Terra vai seguir o nanossatélite Delfi C3, desenvolvido por estudantes da universidade holandesa de Delft, quando ele for lançado para órbita, dentro de um mês.
Outra das aventuras que a estação vai permitir em breve é a comunicação com os astronautas da estação espacial internacional ISS. “90 por cento dos astronautas são radioamadores”, revela Moisés Piedade, ele próprio um aficcionado da actividade. “Por isso a ISS está equipada com um posto radioamador e, quando ela passa, é possível entrar em comunicação”, diz o professor e investigador do IST, adiantando que a CS5CEP vai integrar a rede de estações de comunicação radioamadora da estação espacial. “Estamos à espera de autorização da Anacom”.
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E se a par da aventura, este novo equipamento do Técnico vai servir para promover junto dos alunos o estudo dos sistemas de radiocomunicações, para criar redes de comunicação e desenvolver equipamentos electrónicos para o espaço, ele é também a base de um projecto ainda mais ousado que Moisés Piedade quer lançar muito brevemente com os seus alunos: a construção de um nanossatélite que até já tem nome – será o IST NanoSat – e cuja primeira reunião de trabalho já está agendada para a próxima semana, como revelou ao DN. “Esta classe de satélites tem 10 por 10 centímetros, ou 10 por 20, mas tem painéis solares e contém todos os sistemas necessários para funcionar, como o de energia, operativo e o de comunicações”.
Desenvolver esse futuro satélite sem qualquer financiamento, “só com a prata da casa”, como sublinha o professor e investigador, será um desafio lançado para o próximo ano “a sete ou oito alunos de mestrado”. O seu lançamento, quando se chegar a essa altura, é um passo posterior. “Colocar em órbita o nanossatélite da universidade de Delft custa entre 90 mil e 100 mil euros, mas nessa fase é fácil captar o apoio de empresas, que é o que tencionamos fazer”, adianta Moisés Piedade. A colaboração com empresas é, aliás, um dos aspectos que todos estes projectos visam reforçar. E até ao lançamento do IST NanoSat, ou (ISTSat-1) há muito trabalho pela frente.|
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