Recetor de rádio Grebe Synchrophase

Em setembro de 1924, a empresa estadunidense A. H. Grebe & Co., Inc. apresentou um dos seus recetores de rádio mais bonitos e com excelente desempenho: o Grebe Synchrophase MU-1, rádio que, hoje em dia, é muito apreciado pelos colecionadores.

Rádio Grebe MU-1 de 1924.

A empresa Grebe foi fundada em 1909 e começou por fazer detetores de rádio a galena e sistemas de  bobinas/transformadores  de sintonia do tipo  acoplamento frouxo “loose coupler”. Seguiram-se vários rádios recetores e emissores para amadores e também militares que foram usados na 1ª guerra mundial.

Exemplos de rádios Grebe produzidos até 1922.

Em 1922, a empresa montou, em Nova Iorque, uma fábrica muito moderna que viria a ser usada para fabricar o rádio Synchrophase MU-1, o mais famoso deste fabricante. Neste novo edificio a empresa Grebe montou duas estações de radiodifusão com indicativos WAHG e WBOQ que fizeram a radiodifusão de vários acontecimentos muito importantes na história dos USA.

 Vários aspetos da fabricação do Greber MU-1 na  fábrica de Nova Iorque.

Anúncio do MU-1 em dezembro de 1924.

O rádio Grebe MU-1 tem a arquitetura TRF “Tuned Radio Frequency” a mais usada na época. Significa isto que há 3 amplificadores de RF iguais com transformador de acoplamento entre andares, sintonizados individualmente na frequência da estação a receber. Assim, Grebe foge aos direitos das patentes de Armstrong do recetor super heterodino mas é obrigado a usar a técnica de neutralização, inventada por Hazeltine e acaba por ter de pagar os direitos a este inventor.

O termo syncrophase advém de, por construção, os 3 estágios de RF serem exatamente iguais e serem feitos com as chamadas bobinas binoculares patenteadas por Grebe. Esta construção dos transformadores de RF permite reduzir os acoplamentos de sinais  indesejáveis entre andares e reduzir a influência de campos eletromagnéticos externos sem ter de se recorrer a blindagens.

O rádio introduz, pela primeira, vez um controlo de tonalidade para corrigir a resposta em frequência dos altifalantes usados na época. Tem também escalas lineares de sintonia com desmultiplicação mecânica dos botões de controlo.

O rádio tem 5 válvulas Radiotron UV-201A e requere 3 baterias de 45 V e 2 baterias de 4,5 V. O rádio foi produzido em duas versões: 1) com base caixa de baterias; 2) consola com espaço para baterias maiores.

Em 1925, Grebe fez alterações no MU-1 nomeadamente a introdução de duas correias de esferas que  para que  qualquer dos 3 botões de sintonia permita atuar em simultâneo os 3 circuitos sintonizados de RF.

Grebe synchrophase MU-1 versão de 1925.

A empresa Grebe produziu, posteriormente, novas versões do Syncrophase mas a empresa começou a não ser competitiva com outras, devido ao preço elevado dos seus rádios e, em 1932, acabou por ir à banca rota.

Para os colecionadores interessados no preço do rádio, Syncrophase MU-1, sem a base ou a consola (pouco frequentes, na atualidade), este preço pode variar, em 2018,  entre 300 e 1000 euros, dependendo do seu estado de conservação.

A revista QST de Abril de 1925 publicou um artigo de R. Batcher (o pai deste rádio) e desenhou o esquema deste rádio.

Pode ver aqui o artigo da QST.

Pode encontrar no Museu Faraday do IST, um exemplar do rádio Grebe MU-1 (1a versão), o manual de utilização, muito bem feito, com 70 páginas, que foi reimpresso pela revista RadioAge em 1983 e refere os vários detalhes da fabricação do rádio, encontrar  a revista QST de Abril de 1925 e o cartão/bilhete postal original que acompanhava o rádio para os utilizadores darem a sua opinião.

Imagems de frente e de costas do bilhete postal do Grebe MU-1.

O rádio Grebe MU-1, de 1924,  na Mesa Faraday do Museu Faraday.

 

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