A amizade consolidada pelo respeito mútuo e o apelo pela cultura científica e do conhecimento, levaram um grupo de professores universitários, formadores e profissionais de engenharia, empresários, técnicos e peritos em electrónica, rádio e telecomunicações, a reunir de novo para colocarem as suas múltiplas e amplas experiências profissionais e académicas, ao serviço voluntário da educação e promoção da ciência e tecnologia.
Trata de um pequeno grupo de antigos estudantes reunidos em torno de um modelo de radioamadorismo que conheceram faz mais de 45 anos, e que lhes foi então apresentado por veteranos da Rádio em Portugal. Eram outras formas de fazer rádio e radioamadorismo, a que hoje chamamos de tecnológico e científico, mas que antes eram apenas amadorismo, em muitos casos reprimido pelo regime político.
Reencontraram-se passados 35 anos, depois de alguns deles, terem mesmo abandonado o radioamadorismo para se empenharem em novas vidas profissionais e académicas, actividades muito exigentes, centradas em carreiras da investigação e desenvolvimento, do ensino profissional e universitário.
Corriam os anos das décadas de 1960 a 1970, quando um grupo de jovens estudantes, constituídos por:
CT1DNJ – Rui Caldeira (ex. CT3BO e CR6TH),
CT1QP – Carlos Ladeiras,
CT1WO – Vítor Silvestre,
CT1WV – João Martins,
CT1XI – Mariano Gonçalves (ex. CR6XI),
CT1XV – Jorge Amarante (ex.CR3BA),
CT1ZK – Carlos Neta,
CT1ZO – Moisés Piedade,
CT1ZX – Rui Penaguião,
Começaram a reunir-se na procura de novos conhecimentos sobre coisas da rádio e das ciências radioeléctricas. Naquela época eram reconhecidos por muitos veteranos do Radioamadorismo português, como uma verdadeira lufada de juventude que engrossava então o grupo dos pioneiros da banda dos 2 metros. Uma faixa de frequências desprezada por muitos, situada acima dos 144 MHz, como era então conhecida. Do grupo fizeram parte o saudoso e já falecido CT1ON – Tiago Pereira (ex. CT1WW e CR3ON) entre outros amadores já retirados.
Os 144 MHz eram uma faixa de frequências onde em todo o país funcionavam apenas cerca de 37 estações dos chamados «2 metristas», todos operavam em AM (A3E) e CW (A1A) equipados com antenas Yagi de polaridade horizontal.
Cada estação dispunha apenas de uma ou duas frequências de chamada, geradas por emissores controlados a cristal de 6.000 ou 8.000 KHz (não existia tecnologia para se fabricar osciladores variáveis ou VFO’s estáveis, que permitissem grandes multiplicações de frequência, que chegavam a ser múltiplos de 18 ou 24 vezes, multiplicando proporcionalmente o desvio do oscilador, as frequências de trabalho raramente subiam acima dos 144,500 MHz. Também não existiam emissores capazes de emitir em serviços como FM (F3E) nem sequer e menos ainda o SSB (J3E).
O grupo de estudantes era irreverente, e chegaram por graça a denominar-se de «Novice Gang VHF of Lisbon», porque todos residiam na área metropolitana de Lisboa e eram os mais jovens de então, com idades médias entre os 17 e 20anos.
No seu conjunto estes amadores mantiveram-se activos e juntos até ao período do serviço militar obrigatório, que invariavelmente os remetia para as guerras coloniais em África, sendo alguns deles desmobilizados só depois de 1975.
Recentemente acicatados por CT1ZX Rui Penaguião, os professores Moisés Piedade e Carlos Neta, depois de um interregno de 35 anos, voltaram a candidatar-se aos exames de qualificação para o Serviço de Amador, e recuperaram os seus indicativos de chamada originais, respectivamente CT1ZK e CT1ZO.
Numa iniciativa de CT1ZK Martins da Neta, também ele um activo engenheiro investigador na área das radiocomunicações tácticas e professor universitário, recente e muito merecidamente jubilado, avançou com a promoção de um reencontro formal, que ocorreu hoje dia 22 de Junho de 2009, mais de 35 anos depois, reuniram-se todos os antigos membros daquele «novice gang» com o fim de incentivar estes seniores, alguns deles jubilados, a disporem do seu tempo, para uma obra de Voluntariado.
O objectivo é ajudar crianças e jovens estudantes e à procura do primeiro emprego, e despertar vocações focadas para as coisas da ciência e tecnologia, emprestando cada um desses voluntários, um pouco do seu saber, capaz de despertar nestas gerações, um crescente gosto e dedicação para as actividades de maior pendor educativo e tecnológico, sobretudo aquelas actividades que estão disciplinarmente enquadradas no Radioamadorismo Científico e Tecnológico, que sempre conhecemos e que afinal a todos nos motivou e orientou profissionalmente.
Significa afinal a reafirmação de um modelo de radioamadorismo que a AMRAD identificou, acolheu e promove, e no qual se focou objectivamente, contra ventos e marés, desde a sua própria fundação.
Trata de um projecto iniciado por várias gerações, que emerge do subconsciente daqueles estudantes de 1960, e que foi solidariamente subscrito no novo milénio, em 2001, por um conjunto de outros cidadãos e outros jovens estudantes de engenharia, dos quais referimos os seguintes elementos:
CT1ATO – Eduardo Mata,
CT1CPS – João Costa,
CT1CTZ – Luís Catulo,
CT1EBM – Nuno Fróis,
CT1EXL – Fernando Pimenta,
CT1EYE – Fernando Lobinho,
CT1ERW – António Pacheco,
CT1FAK – Rui Pires,
CT1FEL – Mário Santos,
CT1FSC – Vítor Silva,
CT1GQU – Rodrigo Matias,
CT1GUV – Armando Claro,
CT2GPW – António Sena,
CT2HBZ – Jorge Matias,
CT2HEW – Diogo Sentieiro,
CT2HPN – Diogo Ferreira,
CT2IFZ – Tiago Oliveira,
CT2JYG – Nuno Jacinto,
CT3KD – Cláudio Martins,
CT4UE – Luís Sousa,
CT5HVR – Sara Almeida,
CT5IWO – Tiago Centieiro,
CT/PY5RX – Fabiano Moser
PA0DFN – Dick Fijlstra
PD0RKC – Cor Wilenga
Entre dezenas de voluntários e sócios curadores que apoiam centenas de sócios beneficiários, crianças e jovens estudantes apoiados por acções AMRAD conduzidas junto das escolas, não sendo titulares de um CAN, desempenham empenhadas tarefas.
Este reencontro, foi promovido pelo Carlos Neta, CT1ZK, de forma tão empenhada, com o propósito de nos motivar, com a finalidade de apelar a uma nova unidade, consubstanciada tão simplesmente nos valores que nos tinha sido transmitidos, por inúmeros colegas e veteranos do Radioamadorismo português, alguns deles ainda vivos, entre todos aqueles que tão grata e saudosamente lembramos e recordamos. Um radioamadorismo que terá sido maldosamente arrepiado por outros, com o fim de dividir e separar aquilo que de melhor tínhamos, quer por herança, quer por cultura e conhecimento.
Felizmente que estes 35 anos da distância e da consolidação de cada uma das nossas próprias experiências de vida e carreiras profissionais, altamente competitivas, motivadoras, felizes em todos os aspectos, arriscadas e perigosas em outros momentos, nos permitem hoje à guisa de reflexão, saber determinar, quais teriam sido os passos errados e aqueles que nunca deveríamos ter prosseguido, incluindo no Radioamadorismo.
Unanimemente concordaríamos com uma alegre expressão proferida por CT1QP, o Carlos Ladeiras de que em boa verdade tínhamos crescido e aprendido com o Radioamadorismo, não será difícil morreremos com ele, alinhados no mesmo espírito do saber-saber, saber-fazer e saber-estar com solidariedade e verdade, no respeito pelo pluralismo e diversidade cultural.
No final do encontro, em nome da direcção executiva da AMRAD, CT1ZX – Rui Penaguião, quis oferecer através da representação do Prof. Dr. Moisés Piedade, destinado ao Centro Espacial Português – CS5CEP, sedeado no campus universitário do IST-Taguspark, Parque de Ciência e Tecnologia de Oeiras, um conjunto de 2 torres novas e respectivos sistemas de rotação e elevação de antenas de satélite, da conceituada marca YAESU, uma modesta contribuição da AMRAD para este projecto universitário. Um projecto situado em Oeiras, criado em 2005 e que nunca mereceu por parte da sua autarquia e de outros organismos ligados à ciência e educação, qualquer tipo de apoios.
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