Adeus ISTSat-1

No dia 25 de março, um dos alunos de PhD do IST, o Diretor de Engenharia do ISTSat-1, João Paulo Monteiro, vai levar o satélite para a Exolaunch, uma empresa alemã especializada em acondicionar satélites nos lançadores e que foi contratada pela ESA. Levará também uma réplica do ISTSat-1, feita nos dias 22 e 23 de março, que se destina ao gabinete de comunicação da ESA para este fazer a promoção do lançamento através de vídeos e de fotografias.

Pedro e Manuel, dois estudantes do IST, exibem réplica que irá para a ESA.

Já na Exolaunch, através de um cordão umbilical serão verificados todos os sistemas do satélite, no próximo dia 26  de março e, estando tudo operacional, o ISTSat-1 será colocado no contentor que o levará para o Espaço. O sistema RBF “Remove Before Flight” do satélite será ativado. Embora o contentor ainda mantenha o satélite desativado, a equipa já não lhe pode mexer mais. O ISTSat-1 terá um companheiro de viagem proveniente da Universidade Politécnica da Catalunha. 

 O contentor será entregue à empresa Ariane Space que o incluirá na carga do Ariane 6, no seu primeiro voo experimental. Espera-se que tudo corra bem, depois dos sucessivos atrasos de desenvolvimento do Ariane 6, e que tem atrasado o lançamento do ISTSat-1. A ESA espera que o lançamento seja feito durante o mês de julho a partir da estação de lançamento na Guiana Francesa, um “pedaço da Europa” que fica na América do Sul e é um sítio privilegiado para lançamentos espaciais. Está previsto que o Ariane liberte a carga a 560 km de altitude o que dará ao ISTSat-1 uma vida útil de cerca de 5 a 15 anos. O ISTSat-1 foi projetado para ser lançado a partir da ISS “International Space Station” que tem órbitas a uma altura menor e que originaria uma vida útil de apenas 6 meses a um ano.

Depois de o Ariane 6 atingir a órbita prevista, o ISTSat-1 será catapultado para fora do contentor e entrará em funcionamento com os seus 6 processadores a bordo, começando logo a carregar a bateria a partir da energia solar disponível, mas só abrirá as antenas 45 minutos depois. Entretanto, procurará estabilizar o seu provável e indesejado movimento de rotação que pode resultar do lançamento para fora do contentor, usando os atuadores eletromagnéticos que interagem com o campo magnético terrestre através do fornecimento de corrente a 3 bobinas colocadas nos painéis solares nos eixos x, y e z. O controlo de atitude do ISTSat-1 será feito tendo em vista a orientação para a Terra da antena do recetor dos sinais ADS-B da missão, colocada na sua base. Serão usados algoritmos de controlo que recorrem
à informação de posição do Sol, através de foto díodos existentes nos painéis solares, à informação de um sensor magnético tridimensional que deteta o campo magnético terrestre, cuja variação com a posição na órbita é conhecida à priori,  e a um giroscópio existente a bordo. 

Logo que as antenas de comunicação com a Terra são posicionadas, o emissor do beacon (farol eletromagnético) do ISTSat-1 começará a funcionar, transmitindo alguns dados de identificação e de estado interno dos diferentes sistemas do ISTSat-1, através de código Morse. Este código, muito simples, permite que várias estações terrestres possam detetar a passagem do satélite. O emissor de telemetria da missão interrompe periodicamente o beacon transmitindo para Terra os dados codificados relativos  aos sinais emitidos pelos aviões existentes na sua região de observação, através de um link de rádio digital usando um modem, muito versátil, que foi desenvolvido pela equipa e que é  baseado em processamento digital de sinal.

Depois, segue-se a fase da estação de seguimento, localizada no IST Taguspark, e de outras estações amigas, que tentarão, durante alguns dias, localizar a posição do satélite a partir do sinal do sinal recebido do beacon durante cada passagem que durará 5 a 10 minutos (órbitas com a duração de cerca de 1 h e 30 m). Depois de ser identificada a posição do satélite, a estação de rastreio poderá atuar sobre este para aceder ao funcionamento interno dos sistemas do satélite.

Espera-se que tudo corra bem, como está previsto, mas a lei de Murphy poderá aparecer a qualquer momento. Todavia,  o ISTSat-1 foi concebido com mecanismos alternativos de redundância que permitem algum do seu funcionamento em caso de falha de alguns sistemas.

A SIC e o IST estão a preparar programas sobre a divulgação do ISTSat-1, mas estes só aparecerão um pouco antes do satélite ir para o espaço.

Entretanto, depois da visita da Sra. Ministra da Ciência, Profa. Elvira Fortunato, o gabinete de comunicação do IST vai criar uma notícia nos próximos dias.

 

 

Publicado em AMRAD