Foi há 32 anos apenas que ocorreu a abertura daquilo que supostamente deveria permitir uma célere modernização, e, a tão necessária mudança da sociedade portuguesa.
Três décadas não são nada.
A verdade é que tão pouca coisa ainda mudou.
Estamos na cauda, somos o país mais pobre da Europa.
Faltam a justiça, a saúde, a habitação social, as políticas de juventudes, a educação e qualificação técnica e profissional.
Aumentou o consumo, mas pouco melhoraram a economia, diminuindo a capacidade produtiva e industrial, que tem sido desmembrada, erodida, em favor de grandes grupos europeus e internacionais.
Que alternativas se dão hoje aos jovens, daquela que outrora foi a dita da «juventude salazarista» educada pelo regime de então.
Onde estão, ou como se criaram e constituíram nestes 30 anos esses espaços alternativos essenciais à educação e integração dos jovens e crianças. Quando para os jovens hoje, ou os pais tem dinheiro para pagar o desporto, a educação, os tempos livres, ou em alternativa, apenas dispões das ruas para vaguear.
Outrora, naquela mocidade portuguesa, os jovens estavam integrados e protegidos (com outros fins, é certo) mas onde muitos e muitos de nós que tivemos de frequentar a Mocidade Portuguesa por imposição, mas a verdade, é que foi ali que aprendíamos de tudo um pouco, a vela, natação, atletismo, hipismo, canoagem, campismo, aeromodelismo, pára-quedismo, e até a telegrafia, que nos era ministrada por radiotelegrafistas, ou das forças armadas, ou da legião.
Hoje em todos os lugares, bairros e freguesias, dispomos de grupos desportivos, clubes e sociedades culturais e recreativas, mas que, em alternativa económica, exploram tasquins, salas de pasto e bares, espaços abertos, onde se promovem todo o tipo de jogos e máquinas, onde se vendem sandes de coiratos e bebidas alcoólicas de todos os tipos e graus, incluindo os tabacos.
Serão esses espaços de outras culturas, onde se jogam matraquilhos e cartas os espaços populares (apoiados pelas autarquias), uma alternativa cultural e social dos jovens contemporâneos do mundo urbano. Serão esses os espaços mais adequados que os jovens dispõem hoje para se poderem recrear e educar.
Eles não são alternativa de nada, nem à escola, nem muitas vezes à família degradada social e economicamente, o resultado, é o esperado (meio milhão de desempregados, um fosso crescente entre ricos e mais e mais pobres). O resultado é o crescente desvio social e humano, os comportamentos de risco, as adições e outros perigos sociais desviantes, ao arrepio dos desejáveis estilos de vida saudável.
Passaram apenas 32 anos do 25 de Abril de 1974. Temos ainda, um logo caminho a percorrer. Mas é justamente, na busca incessante de possíveis soluções, as alternativas, que a AMRAD eleva esta data, apela, e celebra mais um aniversário de um Abril melhor para todos.
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